O deputado do PS/Açores, Gualberto Rita, denunciou hoje a “total descoordenação entre o Governo Regional, a Lotaçor, os armadores e a indústria”, que está a comprometer seriamente o armazenamento do pescado e os rendimentos dos pescadores açorianos durante a safra do atum bonito.
“As frequentes contestações dos pescadores resultam, em grande medida, da ausência de um planeamento estratégico adequado e do desconhecimento generalizado sobre o funcionamento da safra nos Açores. Temos entrepostos que iniciam a safra já parcialmente ocupados e Portarias publicadas tarde demais, criando entraves adicionais à atividade”, sublinhou o socialista.
Para Gualberto Rita, esta situação contrasta com anos anteriores em que, mesmo com volumes muito superiores de pescado, foi possível assegurar condições de descarga e escoamento sem as atuais dificuldades. “Em 2011, foram descarregadas cerca de 10.000 toneladas de atum, sem metade dos constrangimentos que hoje se verificam”, recordou.
As consequências, frisou o deputado, recaem inevitavelmente sobre pescadores e armadores, que enfrentam “perdas económicas significativas”. “Em vez de aproveitarem a safra para reforçar as capturas e as receitas, sobretudo perante as dificuldades acumuladas nos últimos anos e o aumento dos custos com combustíveis, muitas embarcações viram-se obrigadas a reduzir drasticamente as capturas e algumas até a cessar a safra. O resultado é um profundo sentimento de revolta entre pescadores e armadores”, acrescentou.
Também a indústria é penalizada, já que “com maior disponibilidade de matéria-prima local poderia reduzir a dependência de importações para a produção das suas conservas”.
“O Senhor Secretário Regional das Pescas, em vez de assumir responsabilidades e exigir da Lotaçor uma gestão eficiente e uma coordenação eficaz da safra, opta por se refugiar em justificações vagas, transferindo para as associações de pescadores e para a indústria a carga das falhas verificadas”, criticou Gualberto Rita.
Para o deputado socialista, este cenário “é ainda mais grave por acontecer num momento de crise profunda no setor das pescas, em que seria essencial garantir estabilidade e confiança para que pescadores, armadores e indústria pudessem enfrentar as dificuldades com melhores condições”.
“Infelizmente, no final, são sempre os mesmos a suportar as consequências: os pescadores açorianos”, concluiu.
Ponta Delgada, 20 de agosto de 2025